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Relato do extremo Oriente – Chieko Aoki no Japão - Parte I
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Relato do extremo Oriente – Chieko Aoki no Japão - Parte I

Quando o terremoto atingiu Tóquio no dia 11 de março às 14h48, eu estava em reunião no lobby de um hotel com mais de 500 apartamentos, a cerca de 10 minutos de carro da minha casa. Foram dois fortes impactos; depois do primeiro, fomos todos para fora do prédio, mas após alguns minutos de calma, voltamos. Foi somente tempo de, mais uma vez, a equipe do hotel nos direcionar novamente para fora do prédio, onde já havia muitos estrangeiros apavorados e japoneses tentando esconder o mesmo sentimento. Em minutos a cidade parou. Os carros pararam e as pessoas estavam nas ruas olhando para cima atentas para garantir que, de repente, conseguiriam desviar de uma parede em cima de sua cabeça, algo possível de acontecer.

Após um tremor como nunca tinha sido sentido, inclusive pelos japoneses acostumados a terremotos, nossa reunião foi postergada, com alguns deles preocupados com a volta para a cidade de origem, já que o trem-bala estaria parado e as ruas, cheias. Soube depois que conseguiram chegar após quase 6 horas, pegando o último táxi disponível no hotel. A última pessoa do nosso grupo a sair do hotel, por falta de transporte, teve que passar a noite na estação, passando frio, junto com uma centena de outras pessoas que não encontraram mais como retornar para casa. Felizmente tiveram ajuda do hotel da estação, que disponibilizou espaço de subsolo e cobertores.

O terremoto seguido de tsunami foi muito superior a qualquer possibilidade previamente calculada, com uma onda gigante de mais de 20 metros de altura invadindo o continente japonês por mais de 6 quilômetros, numa extensão litorânea de 500 km, com aniquilamento e devastação de uma cidade após a outra. Em algumas localidades, desapareceram prefeituras, prefeito e seus moradores, impossibilitando precisar o número de vítimas, pela destruição das informações.

O tsunami chegou a algumas cidades 30 minutos após o terremoto e os moradores tiveram tempo de correr para locais altos pré-estabelecidos e já conhecidos pelos treinamentos regulares. Entretanto, a água atingiu uma altura muito maior do que o previsto, com força brutal, levando junto os próprios refúgios, fato que foi testemunhado pelos poucos que milagrosamente se salvaram, agarrando qualquer coisa que puderam.

Como o mundo acompanhou pelos noticiários, a catástrofe deixou um saldo terrível – mais de 20 mil pessoas entre mortos e desaparecidos, destruição de cidades inteiras com suas estradas, casas, indústrias, lojas, campos, navios pesqueiros, prefeitura, hospital, escolas. Muito foi levado e não restou resquício algum de que um dia existiu algo ali. Em outras localidades, tudo precisa ser colocado abaixo para reconstrução. Além de causar devastação e infertilizar a terra por anos, um terremoto seguido por tsunami tem o agravante de levar vidas para o alto-mar, situação difícil de ser aceita pela religião e tradição japonesa.

Como se não bastasse, a usina nuclear de Fukushima foi seriamente danificada, com sério risco de virar catástrofe incontrolável. Além disso, a temperatura começou a baixar, a neve voltou a cair e, na semana do terremoto, o país passou a registrar sismos contíguos 4 ou 5 vezes ao dia. A frequência diminuiu com o passar do tempo, mas até agora, 13 dias depois do grande terremoto, continuamos sentindo tremores intermitentes.

O grande impacto do primeiro momento do terremoto é o mexe-mexe de objetos que parecem voar para a sua direção e, no segundo seguinte, sentir que está você está completamente isolada do mundo, porque os telefones param de operar por excesso de uso. Imediatamente pensa-se na família e a apreensão de não saber o que está acontecendo com eles – e não saber como e o que fazer para chegar até eles. Surge uma força não se sabe de onde que, como dizem, demove montanhas. Pelos depoimentos das vítimas, muita gente conseguiu salvar-se pensando em salvar família e amigos; outros infelizmente não tiveram tempo de se salvar juntos, tendo sido tragados pelas águas a caminho de buscar filhos e pais...

Mas, ao lado de acontecimentos dolorosos, testemunhamos também cenas de heroísmo, como a professora de escola infantil que segurou nos braços, com dificuldade, duas criancinhas da escola, e agarrou-se à cortina, tentando manter-se fora d’água, porque não podia desistir enquanto não entregasse as crianças sob sua guarda para as mães.

O mundo todo acompanhou as cenas de destruição e o comportamento das vítimas diante da catástrofe. É isso que desejo compartilhar – como uma situação tão grave pode ser também repleta de amor e de esperança – e de grande aprendizado pessoal e profissional. Muito aprendizado sem limites e surpreendentes passados também por crianças, idosos, deficientes físicos – aqueles quem sempre acreditamos que devem ser apenas ajudados. Puro engano: descobri que todo ser humano é capaz de ser útil e importante, se lhe é dada força e confiança.

As pessoas que conseguiram se salvar foram acolhidas, na sua grande maioria, em escolas, prefeituras e hospitais. É dessa maneira, muitas vezes somente com a roupa do corpo, sem combustível para aquecer do frio, sem energia elétrica, comida e água e também sem notícias dos filhos, pais e parentes, que as vítimas dão exemplos de dignidade, força de grupo e de solidariedade. Pelo isolamento gerado devido à destruição das estradas por cerca de uma semana, o que impossibilitou chegar, em quantidade suficiente, até mesmo artigos emergenciais como água, combustível para aquecimento, cobertor, comida, meios de comunicação, as pessoas tiveram que contar somente com elas mesmas. Devido a tremores contínuos, eram impossibilitadas de aquecimento alternativo como fogueira. Começaram iniciativas de mutirão de solidariedade e de ajuda mútua, pelas próprias vítimas, nos abrigos, para sobreviverem todos, juntos. No início, dividiam cobertores e água, juntavam-se para se aquecer. Inclusive, uma senhora com pressão alta faleceu porque, mesmo devendo beber bastante água, recusava receber mais do que outros. Era emocionante ver aquelas pessoas, naquelas condições tão precárias, mais preocupadas em confortar e ajudar ao próximo, como o médico que tinha sido salvo pela equipe de resgate e, chegando ao abrigo viu tantas pessoas precisando de cuidados médicos, que começou a ajudar, apesar de não ter notícias da esposa e filhos. Enquanto isso, uma outra pessoa saía à procura da família do médico nos outros abrigos ou verificava a lista de vítimas feitas por cada abrigo. Donos de indústrias e lojas saíam à procura de seus funcionários porque, no Japão, colaborador e empresa são uma família. Pessoas formavam longos mutirões com adultos, crianças, idosos e todos que podiam ajudar, para transportar água para reservatórios provisórios feitos para abastecer os banheiros, porque, para os japoneses, limpeza do banheiro é até sagrada.

É admirável a organização, disciplina e espírito de grupo – mulheres e jovens anotavam nomes das pessoas desaparecidas e homens saíam à procura delas e de enlatados comíveis; ajudavam também os idosos e os feridos.

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